27.9.10




Quase Pecado

Ah! Esse nosso
Cinismo desleixado:
Um tom de escárnio
E outro de enfado;

Lagrimas verdadeiras
Para o choro falso;
Às pessoas passam:
Os dogmas acabam;

Será esta ânsia vã?
Meus bons momentos
Levam o teu jeito;

Bobagens escritas,
Nas linhas do teto;

Sagazes e libertinos,
Dia e noite revezan-se
Através das frestas;

Somos meros anjos,
Ociosos e decadentes;

Ah! Essa nossa
Excentricidade sã:
Um tom de indiferença
E outro de soberba;

1.9.10




Cinema Mudo

É assim que os domingos
Deixam de se arrastar;
Falam-me de artifícios
Nas imagens que vejo;

Quem entende o feitiço,
No mistério que chega?
Ao lado da novidade,
É quase uma emulação;

Uma pequena cidade,
Pra ser alma e grandeza;
Outra época qualquer,
Ainda em preto e branco,

Vemos girarem às fotos,
Para os segundos eternos;

Protagonistas perdidos
Entre às cenas mudas;
Não somos bons atores;

Meu olhar precisa salvar
O que não foi ensaiado;

Quando sou um senhor,
Com chapéu e bengala,
Meio velho desconfiado
Sem o deslumbre pueril;

Vieram novos cartazes
E alguns dos teus sorrisos;

É assim que de súbito:
Impulsiona-se a vida
E inspiram-se cidadezinhas,
No coração dos poetas;