24.11.13


A ultima morena dos meus dias nublados

Eu caminhei pelas ruínas do mundo,
Procurando a ultima morena dos meus dias nublados;
Lá, o som transformava-se em imagens;
Eram claves, eram corvos, eram ninfas,
Era o lírico e o libreto de uma opera obscura;

Diziam que ela andava sobre a neve,
Diziam que ela tinha a pele como a neve;
Talvez, o branco, a sombra, o contraste,
Outras cores ainda vibravam nas ruas,
Mas havia algum mistério no charme de dizer,
Morena;

Eu caminhei pelas terras cobertas de gelo,
Procurando a ultima morena dos meus dias nublados;
Lá, o frio tinha o efeito contrario;
Eram paixões, eram pecados, eram desejos,
Era o All star e a franja que caia sobre o olho direito;

Diziam que tornava-se noite, tudo o que ela tocava,
Diziam que ela tinha um quê de anjo caído;
Quem sabe, era um sonho, um delírio, a quintessência;
Outras cores ainda vibravam nas ruas,
Mas era como o mais prazeroso dos vícios dizer,

Morena;

21.11.13

Três efeitos de uma certa ruiva

A luz.

Verdes ou azuis, mudava a cor dos olhos;
Olhos que não se esquivam, que penetram, que derrotam;
Vermelhos ou alaranjados, mudava a cor dos cabelos;
Cabelos que prendia, que soltava, que enlouqueciam;
Mas os cabelos não mentem, diferente dos olhos;
Esse era o efeito da luz sobre ela;

A primavera.

Havia o nascer e o por do sol;
Sol, melhor analogia;
Pássaro liberto, o topo das cordilheiras, sardas;
Não era rara e às vezes, não parecia ser real;
Esse era o efeito da primavera sobre ela;

O diabo.

Queimava todas as cores, queimava o preto e o castanho,
Queimava todos os anjos;
Eu sou o teu inferno, dizia ela;
E você trocaria o paraíso mil vezes pelo meu abraço;
Esse era o efeito do diabo sobre ela;


Talvez, ela fosse a própria luz, a primavera e o diabo;

Porque esse era o efeito dela sobre mim.