"O esplendor da relva só pode mesmo ser percebida pelo poeta. Os outros pisam nela. Um mérito inegável da poesia: ela diz mais e em menor número de palavras que a prosa" Voltaire
21.11.10
Equilíbrio
Tênue e ainda vital,
A linha que define
Complexidades de alma;
Dos gêneros librados,
O eu mais improvável;
Como olhar o espelho
E vê-lo refletido nos
Seus olhos novamente;
Minhas olheiras denigrem
Um escasso brilho:
Porém olhos e espelho
Refletem-se ao incontável;
É o consistir em vontade:
Talvez de vida e morte,
Ou então bem e mal;
Busca-se o que ser aqui;
Trago dois destinos
E deixo um terceiro
Guardado no silencio;
Logo tudo envelhecerá,
Pessoas e estátuas,
Como às ruas do centro...
Em um dos destinos
Que é para o invisível;
13.11.10
Andarilho
Não sei do meu tempo;
Conheço apenas horizontes,
Infinitos e inalcançáveis;
Intrínseca é essa gana,
De algumas léguas de mundo
E toda a poeira nas botas
É só o efeito dos rastros;
Pois o que carrego na mochila
É o caminho de volta pra casa;
Quem sabe a retórica do vento,
Para os tantos vagões europeus;
Onde olhares são metódicos,
Porem os beijos incoerentes;
Bebi cerveja com bárbaros,
Nas estradas rumo ao norte;
Fiz discursos aos lordes,
Com um quê de enólogo;
Sobre a sina dos viajantes?
Sentir e deixar saudades;
Aprender a guardar pra si,
Os seus silêncios de espera;
Vejo o nascer e o por do sol,
Sempre na mesma direção;
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