"O esplendor da relva só pode mesmo ser percebida pelo poeta. Os outros pisam nela. Um mérito inegável da poesia: ela diz mais e em menor número de palavras que a prosa" Voltaire
29.10.09
Talvez Solidão
Há um silêncio em meus olhos,
Vigiando a paz dos fins inglórios;
Trago infindos lamentos na alma
Pra envelhecer os nossos erros;
Noites de vinho e todo o tempo
Desaparecem em meio a névoa
Da manhã cinzenta:
Meus lugares incompletos serão
Tempos idos pra se lembrar
Em sorriso e nostalgia;
Guardo saudades
No vazio dessas estradas,
Anseios esperando obscuro,
Aos poucos as vozes se acordam
Tão confusas e pequenas
São poucas as certezas
No muito pra sentir;
Sei que você está em algum inverno
E às vezes meus olhos gritam:
Mesmo sendo sussurros na imensidão;
Espelhos
A cegueira judicante morre sentada:
Enquanto a sentença ignora a verdade
Teu olhar não mais que leviano,
Reflete os meus passos distintos;
Então, quem porta um sonho,
Ainda tem o meu braço;
São as leis da minha casa,
E tavez o que restará;
Mas os insetos vivem
- pequenos infantes -
Conquistam a liberdade e não sabem
O que dela fazer;
E nesta visão tão ateísta
Compreendem o hedonismo?
Não perderam a fé num deus qualquer;
É quem espera o perdão não merecido:
O rebanho no largo corredor;
Qual a sombra do único medo,
Tornando-me o que odeio;
Pesadelo enquanto há escolha:
Ainda não somos mais do que
Nossas meras palavras;
Anjo Liberto
Da antiga legião sou apenas
Um mero vestígio - a cicatríz
Que me condena à falsa liberdade;
Não somos iguais
Mas temos o mesmo destino;
Por que se curvar a esses senhores,
Assinar com sangue a glória
Dos últimos dias?
Minha alma é dona de si,
Quando a indiferença não basta;
Tão injusta punição
- esta que é igual a todas -
Considerando tais razões;
Assim meus olhos transcendentes
enxergam um terceiro caminho:
Uma nova alvorada como esperança,
No horizonte que ainda me fascina;
Outra Tempestade
Sonhos indolentes
Levados pelo vento:
Prenúncio de fim dos tempos?
Nada me parece insólito.
E as mentiras serão nuvens
No desabar do mundo;
Sentimentos lúgubres
Replenaram o coração dos homens;
Eis tua noite de julgamento:
Trovões são a coléra dos céus
E a chuva não veio lavar as almas;
Aos intrépidos, profundo temor:
Pois dura é a nossa verdade
E tão alheio é o caos;
Deixe-me apenas contemplar
Este céu em teus olhos:
Justo o bastante pra dormir,
Essa noite...
28.10.09
Ruínas
E no fim da estrada apenas
Solidão,
A ambiciosa sina cobrando
Seu preço;
O abismo a um passo
E as vozes lá em baixo
Desejando o meu salto;
Como encontrar o caminho,
Se as migalhas são pegadas
Na areia?
Sinto o início distante,
E a coragem,
Há muito me abandonara;
Preciso cruzar as ruínas
Do mundo,
Mas o começo está disfarçado;
Frente aos fantasmas,
Voltar ao passado
É seguir na direção do fim,
Quando uma escolha torna-se
Seu algoz;
Forço o sorriso a esconder
O furor,
No suplício de pedir aos anjos
Que me empurrem,
Por alguém amenizo a culpa
E apenas sinto o vento;
26.10.09
Morrigan
O primor de um anjo ao desistir
Das asas,
És a noite deusa pagã;
Por caminhos de rosas negras,
Sigo teus rastros;
Em momentos pra contemplar
A beleza que há nas sombras;
Quantos segredos teus olhos
Escondem?
Janelas fechadas guardam tua alma;
Trazes malícias por instinto
Nas manhas do sorriso:
Glória e ruína dos homens;
Atrai-me em carne um místico feitiço,
Teus gestos lúbricos devassam meus
pensamentos;
Minha crença humana foge em tua
Presença:
Onde meus desejos são teus,
Ainda que soberbos;
Velho Mundo
Carrego a espada entre meus versos
Pra sentir na poesia a tua guerra;
Finado tempo onde o fim era distante
Por nosso olhar virtuoso;
Não pelo engano tão clérigo e pagão,
Ao nobre em alma e gestos longe
Dos seus,
Ainda espera reviver palavras
Honradas aos nossos dias covardes;
Eu conheço a calma da imensidão
E o sentimento simples e eterno;
Estando além do futuro de engrenagens
Que nada podem sentir;
Resista por nós homens ainda bardos:
Tão fantasioso é o tempo já perdido;
E eu tento apenas relembrar tuas terras,
Hoje desconhecidas...
23.10.09
Olhos De Fran
Talvez fossem nossas as manhãs
No único lugar,
Os dias constantes que
Não seriam pra sempre:
Tão vago e silencioso era meu
Pensamento;
Por que teus olhos ainda iluminam
Minhas noites?
Não vejo os laços:
E hoje somos um tempo
Quase esquecido;
Não se pode apagar o passado,
Pois quem controla um sonho?
Volta o desejo nas palavras não ditas
E uma nova chance se vai;
Me sinto feliz no teu sorriso ao longe,
Tantas voltas dará o mundo,
E o destino será meu coração menos frio
Por guardar um sentimento;
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