25.4.11



Colheita

Hoje meus dias são noites
E às noites um renascer,
Mas isso nunca teve ordem
Ou sequer importância;

Abri mão do meu coração
E de outras coisas mais,
pelas quais deve-se viver;

Prever a queda do granizo
Tem sido o meu exercício;

Onde escondem-se as pragas
Que consomem minhas safras?

Não espero voltar ao pó
E sim apenas abrir a urna,
Alma e sombra da velha figueira;
Talvez eu possa vencer o asfalto;

Depois de passar o dia nos campos,
A tarde ganhou o meu jeito:
Nuvens pesadas surgem ao leste,
Os corvos vestem-se de luto;

Permanecem o simbolismo divino
E as virgens longe dos punhais;