6.6.11



Para novas manhãs e outros insanos poetas

Bebo um café e fecho os olhos,
Mas o papel ainda está em branco;

O espelho nos diz certas verdades
E ultimamente eu venho quebrando alguns;

Devoção? Sinceramente eu não conheço;
Simpatizaria com Baco ou Dionísio:
Dias em que acordo com pouco pudor;

Das coisas que podem destruir um homem:
O jogo leva o dinheiro e a bebida à lucidez;
Mas o pior e mais agradável dos vícios
É linda e capaz de acabar com os dois;

Sete é um numero insignificante,
Pecado mesmo seria deixar de fazê-lo:
Dias em que acordo um canalha;

Ah! Diga-me pobre criatura perdida,
Somos ou não bons atores?
Falamos de sentimentos nunca sentidos,
Interpretamos situações jamais vividas;

E por um verso eu saio dos trilhos:

Mesmo que ninguém de importância,
Esse pedaço de nós ficará guardado,
Como retrato do que fomos um dia;
Então escreva bobagens e mostre-me quem és;

Retornando... Ou não;

Venderia minha alma para quem pagasse mais caro,
Como um destes suicídios involuntários:
Dias em que acordo com o que sobrou do orgulho;

Não sou exatamente o que eu escrevo;
Talvez só os detalhes e nada mais;
Isso é o que acontece quando não estamos inspirados;