
Colheita
Hoje meus dias são noites
E às noites um renascer,
Mas isso nunca teve ordem
Ou sequer importância;
Abri mão do meu coração
E de outras coisas mais,
pelas quais deve-se viver;
Prever a queda do granizo
Tem sido o meu exercício;
Onde escondem-se as pragas
Que consomem minhas safras?
Não espero voltar ao pó
E sim apenas abrir a urna,
Alma e sombra da velha figueira;
Talvez eu possa vencer o asfalto;
Depois de passar o dia nos campos,
A tarde ganhou o meu jeito:
Nuvens pesadas surgem ao leste,
Os corvos vestem-se de luto;
Permanecem o simbolismo divino
E as virgens longe dos punhais;